FísicosLX

quarta-feira, julho 28, 2004

A responsabilidade dos cientistas


J. Robert Oppenheimer

Mordechai Vanunu


Nos últimos tempos, quando se fala na responsabilidade dos cientistas na sociedade em que se inserem, fala-se especialmente de biologia ou de medicina. Lemos notícias preocupantes sobre a manipulação genética na agricultura e em animais (os fins comerciais justificam que se ponha em risco a variedade genética? o conhecimento do património genético da natureza pode ser comercializado? a introdução de espécies manipuladas na natureza pode ser feita sem que entidades reguladoras avaliem os seus efeitos nos vários ecossistemas em que serão introduzidas?); notícias sobre a clonagem de cada vez mais espécies, incluindo - cúmulo da irresponsabilidade, no estado actual do conhecimento, - tentativas de clonagem de seres humanos...

Mas desde a descoberta da energia nuclear, nos anos 30 do século XX até a actualidade, foram especialmente os físicos - alguns físicos - que tiveram que tomar decisões difíceis sobre a utilização dos seus conhecimentos.

Quando penso em símbolos dessa responsabilidade dos cientistas, lembro-me especialmente de dois homens: J. Robert Oppenheimer (1904 - 1967) e Mordechai Vanunu (1954).

O primeiro foi o responsável científico do Projecto Manhattan, que desenvolveu as primeiras bombas nucleares. A primeira bomba experimental, conhecida como "Gadget", explodiu, em 16 de Julho de 1945, às 05:29:45. Nessa altura, Oppenheimer citou um trecho do Bhagavad-Gita, quando Vishnu tenta convencer o príncipe a cumprir seu dever e para isto toma a sua forma de muitos braços: "Agora, tornei-me a morte, o destruidor dos mundos." Tornou-se depois um defensor do controlo internacional da energia nuclear.

O segundo é um técnico nuclear israelita que revelou pela primeira vez ao mundo o programa nuclear de Israel. Por ter feito isso, foi raptado pelos serviços secretos israelistas em Roma, julgado secretamente, e esteve preso durante quase 18 anos, dos quais 11 em regime de solitária. Depois de muitas pressões internacionais (1, 2, 3), incluindo as da Amnistia Internacional, que considerou o seu castigo como cruel, desumano e degradante, foi libertado, mas tem ainda bastantes restrições à sua liberdade.

Para ambos, a minha admiração.

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