FísicosLX

domingo, agosto 08, 2004

Livre arbítrio e questões difíceis para a ciência


A Sobrevivência dos Mais Belos

A Falsa Medida do Homem (fonte: http://www.byblos.pt/Byblos_assets/product_images/9895520557.jpg)


Quando, há menos de um mês, António Damásio terminou a sua palestra intitulada "A Biologia das Emoções", na Fundação Calouste Gulbenkian, perante uma audiência de muitas centenas de pessoas, seguiram-se algumas velhas perguntas. Uma, por exemplo, sobre o livre arbítrio. Damásio ia respondendo tendo por base o que a ciência tinha descoberto nos últimos tempos. Depois, um estudante do ensino secundário fez uma pergunta derivada: "já se está perto de saber por que é que gostamos de umas pessoas e não de outras?". Damásio respondeu, sorrindo: "Há coisas que é melhor ficarem como estão, que é melhor não sabermos".

Ora, há quem não pense assim e "chame os bois pelos nomes". Ou, pelo menos, tente. Perde-se romantismo? Não seria também a "alma" um tema tabu quando a psicologia começou a florescer? E quem estuda psicologia fica impedido de viver uma vida psicológica como qualquer outro mortal? Parece-me que não.

Quem não evitou falar de um tema difícil que tinha sido negligenciado pela ciência durante décadas foi Nancy Etcoff, autora de "A Sobrevivência dos Mais Belos" (Editora Replicação, 2001), para quem a procura da beleza não é uma construção cultural e pode ser explicada de forma científica.

Por outro lado, há quem se aproveite da ciência para proclamar as suas ideias preconceituosas. Foi contra essas pessoas que Stephen Jay Gould escreveu "A Falsa Medida do Homem" (Quasi Edições, 2004), onde é analisado, por exemplo, o polémico "A Curva de Bell", que associava distribuições gaussianas de medidas da inteligência a desvios padrão diferentes para diferentes raças.

Será, então, que preferimos permanecer na ignorância?

4 :

  • A questão que o jovem colocou a António Damásio e que ele se escusou a responder é uma questão fundamental, cuja resposta não é fácil (talvez ele se tenha sentido de alguma forma esmagado pelo peso da pergunta). Julgo, tendo em conta o estado actual do conhecimento da neurobiologia das emoções, que neste momento estaremos em posse dos principais elementos que permitem responder a essa questão, é preciso apenas ordená-los. Mas essa é uma questão que cada um de nós pode colocar e tentar responder na sua vida, e eu faço-o regularmente. Ainda que demos apenas respostas toscas, o próprio acto de tentar obter uma resposta é educativo, não só para a compreensão dos outros mas para a compreensão de nós próprios. E concordo que não deve haver limites para a busca de respostas em ciência, isto é, em ciência não pode haver tabus. Mas compreendo a opção individual de aceitar certos factos como inquestionáveis, e até mesmo a necessidade disso.


    enviado por Blogger GS em agosto 08, 2004 6:00 da tarde  


  • Concordo consigo. (Só não consigo ler o pensamento do António Damásio... :-) ) Espero que volte mais vezes.


    enviado por Blogger Aristarco em agosto 09, 2004 10:45 da manhã  


  • Michael Gazzaniga e Libet já responderam.Uma ilusão necessária.


    enviado por Blogger Prof. Waldez Pantoja em julho 07, 2016 1:37 da manhã  


  • Michael Gazzaniga e Libet já responderam.Uma ilusão necessária.


    enviado por Blogger Prof. Waldez Pantoja em julho 07, 2016 1:38 da manhã  


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