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terça-feira, outubro 19, 2004

CERN para políticos

Mais uma notícia da Lusa para a memória, de António Sampaio. Longa vida ao CERN!

Laboratório europeu celebra 50º aniversário

Genebra, 19 Out (Lusa) - O laboratório europeu que inventou a Internet e que estuda os momentos antes da criação do universo celebrou hoje o 50º aniversário com uma cerimónia que contou com as presenças do presidente francês, Jacques Chirac, e do rei Juan Carlos.

Chirac, acompanhado dos ministros franceses da Educação, François Fillon, e da Investigação, François d'Aubert, o Rei Juan Carlos e o chefe de estado suíço, Joseph Deiss, integram as delegações dos 20 países membros da Organização Europeia para Investigação Nuclear (CERN).

A presença portuguesa foi garantida por uma delegação que inclui o representante permanente de Portugal junto das Nações Unidas e delegado ao Conselho do CERN, José Caetano Costa Pereira. A delegação, de seis pessoas, integra ainda José Mariano Gago, presidente do Laboratório de Instrumentação de Partículas (LIP), e representantes do Ministério da Ciência e Ensino Superior.

O Rei Juan Carlos lembrou a importância do CERN na tentativa de agarrar na Europa cientistas que, na segunda metade do século passado, eram aliciados pelos Estados Unidos.

"Desde aí o CERN tornou-se no laboratório de liderança mundial no capítulo da física de partículas, um centro de excelência que atrai especialistas de todo o mundo", disse no decurso das cerimónias.

O ponto alto das comemorações oficiais foi a visita ao novo acelerador de partículas da organização, construído num túnel circular de 27 quilómetros sob a fronteira suíço-francesa e onde serão testadas partículas à velocidade da luz.

Ao longo das últimas cinco décadas, o CERN tem vindo progressivamente a tornar-se num símbolo de cooperação multinacional de investigação no campo da física nuclear.

Mais de sete mil cientistas de 85 países estão actualmente envolvidos em centenas de experiências, entre as quais um projecto que pretende recriar os segundos imediatamente antes do 'big bang', a criação do universo.

Para o director do CERN, Robert Aymar, a identidade internacional das equipas que ali trabalham, traz um impacto "social, cultural e económico" acrescido, garantindo que a "ciência continua a ser uma língua universal".

"O CERN é um local onde a ciência é o único objectivo", explicou, lembrando que já foram atribuídos cinco prémios Nobel a cientistas do centro.

"Já conseguimos resultados muito, muito positivos no campo da física das partículas. Agora temos muitas teorias e esta será a máquina capaz de as testar", explicou Aymar.

O novo acelerador de partículas (LHC) substitui um antigo sistema, o LEP, que foi, até à construção do Túnel da Mancha, o maior projecto de engenharia civil da Europa.

Os cientistas esperam que colisões de partículas recriadas no LHC produzam temperaturas superiores às que ocorrem no centro do sol, analisando assim a massa das próprias partículas.

Mais de 1.500 computadores em Genebra e milhares de outros em todo o mundo estarão depois ligados numa rede de altíssima velocidade, para analisar os resultados.

Para o público em geral, no entanto, o maior avanço do CERN foi a invenção da World Wide Web, em 1990, que numa primeira fase permitiu aos cientistas trocar dados e que, progressivamente, se transformou na complexa e essencial Internet.

Outros avanços saídos do CERN incluem aparelhos de scan usados para a detecção de cancro nos hospitais.

Além dos avanços científicos, o CERN acabou igualmente por servir para aproximar povos, sendo, por exemplo, o único local onde cientistas americanos e russos trabalharam juntos durante a Guerra Fria.

Hoje as equipas incluem cientistas árabes e israelitas e especialistas indianos e paquistaneses.

ASP.

Lusa/Fim

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