FísicosLX

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Albert Einstein (1879-1955) - A sua vida e a sua obra (IV)

Einstein não passou na parte de humanidades do exame e, por isso, não foi admitido na escola politécnica. Em alternativa, a família mandou-o para a escola secundária, em Aarau, na Suíça, com a esperança de que assim ele conseguisse uma segunda oportunidade para entrar na escola de Zurique. Foi o que aconteceu, e Einstein completou o seu curso na escola politécnica, em 1900. Por essa altura, apaixonou-se por Mileva Maric e, em 1901, ela deu à luz, fora do casamento, o primeiro filho do casal, uma menina de nome Lieserl. Pouco se sabe ao certo sobre Lieserl, mas parece que, ou nasceu com uma deficiência física, ou adoeceu gravemente quando ainda era bebé; foi depois dada para adopção e morreu com cerca de dois anos de idade. Einstein e Maric casaram-se em 1903.

O ano em que Hans nasceu, 1905, foi um ano excepcional para Einstein. Conseguiu conciliar as solicitações da paternidade e um emprego a tempo inteiro e, ainda, publicar quatro artigos que marcaram uma época, tudo sem os benefícios que uma posição académica lhe poderia ter proporcionado.

Na Primavera desse ano, Einstein submeteu três artigos à revista alemã Anais de Física (Annalen der Physik). Foram os três publicados em conjunto no volume 17 da revista. Einstein caracterizou o primeiro artigo, sobre o quantum de luz, como "muito revolucionário". Nele, examinou o fenómeno do quantum (a unidade fundamental da energia) descoberta pelo físico alemão Max Planck. Einstein explicou o efeito fotoeléctrico, em que, por cada electrão emitido, é libertada uma quantidade determinada de energia. Trata-se do efeito quântico, segundo o qual a energia é emitida em quantidades fixas que podem ser expressas por números inteiros, apenas. Esta teoria constituiu a base de grande parte da mecânica quântica. Einstein sugeriu que a luz fosse considerada como uma colecção de partículas de energia independentes mas, curiosamente, não apresentou quaisquer dados experimentais. Limitou-se a argumentar de forma hipotética sobre a existência destes "quanta de luz" com base em razões estéticas.

De início, os físicos hesitaram em apoiar a teoria de Einstein. Tratava-se de um afastamento demasiado grande relativamente às ideias científicas aceites na época, e muito para além do que quer que fosse que Planck tinha descoberto. Foi este primeiro artigo, intitulado "Sobre uma Perspectiva Heurística a Propósito da Produção e da Transformação da Luz" - e não o seu trabalho sobre a relatividade - que granjeou a Einstein o Prémio Nobel da Física, em 1921.

(tradução livre de "On the Shoulders of Giants - The Great Works of Physics and Astronomy", editado e comentado por Stephen Hawking, Penguin, 2002)

(continua)

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