De cabeçudo e lento a super-inteligente
Nasceu, em 1879, com uma cabeça grande e angulosa na parte de trás, o que parecia não augurar um futuro promissor a Einstein. A aparência da criança perturbou a avó materna e, à primeira reacção, seguiu-se o receio de que pudesse ser atrasada, por ter demorado muito tempo a começar a falar. Por volta dos três anos, já a família se tinha mudado de Ulm para Munique, desenvolveu o hábito de ensaiar frases completas antes de dizê-las em voz alta.
As apreciações sobre as capacidades pouco brilhantes de Einstein continuaram na infância, e talvez seja daí oriunda a ideia, errónea, de que era mau aluno. "A história de que era um mau aluno é um mito, provavelmente devido ao seu desagrado pela educação formal", diz Abraham Pais em Os Génios da Ciência. "Não era o tipo de aluno que seguia o caminho padrão e muitas vezes era lento a formular uma solução. Não estava disposto a aceitar sem reflexão cada palavra do professor", contam Michael White e John Gribbin no livro Einstein.
Era solitário, perdia imenso tempo em quebra-cabeças e adorava construir, pacientemente, casas com baralhos de cartas.
Aos 16 anos, quando os pais se mudaram para Itália e o deixaram em Munique, abandonou a escola. Foi ter com eles, prometendo-lhes que se prepararia sozinho para o exame de admissão no Instituto Politécnico de Zurique, na Suíça. Conta-se que o seu interesse pela ciência despertou por causa de uma bússola oferecida pelo pai, aos cinco anos. Ficou muito impressionado pela força invisível que, teimosamente, fazia apontar a agulha para Norte.
Gostava de fazer experiências mentais. Por exemplo, o que aconteceria se viajasse ao lado de um raio de luz? Ou se estivesse a cair do telhado de uma casa? Estas duas experiências mentais foram importantes para desenvolver a relatividade restrita e a geral.
Referindo-se à última imagem, que lhe ocorreu em 1907, quando ainda trabalhava no Gabinete de Patentes em Berna, na Suíça, Einstein considerou-a como "o pensamento mais feliz" da sua vida.
António Damásio, director do Departamento de Neurologia da Universidade do Iowa, nos EUA, inclui este tipo de padrões mentais naquilo a que chama imagens somatossensoriais (causadas pelos vários sentidos), explicitando que Einstein as utilizava na resolução de problemas.
Ter começado a falar tardiamente pode dever-se a uma característica encontrada no cérebro de Einstein - a ausência do o opérculo parietal, que se forma na gestação. A má formação do opérculo parietal na gestação ou a sua destruição nos adultos têm sido associadas a problemas no discurso, por isso para alguns cientistas esta característica cerebral de Einstein explicaria o facto de ter começado a falar muito tarde.
No entanto, as suas capacidades intelectuais, matizadas por um extraordinário sentido de humor baseado no paradoxo, viriam a tornarem-se um sinónimo tão poderoso de génio que, certa vez, confessou: "Não sou nenhum Einstein." Mas o reconhecimento dessas capacidades não lhe subiu à cabeça. "Não tenho nenhum talento especial, sou apaixonadamente curioso."
Para ele, é uma curiosidade apaixonada que permite descobrir o mundo, apesar de este ser complicado. É isso que significa, aliás, uma das suas famosas frases: "Deus [o mundo] é subtil, mas não é malicioso."
Teresa Firmino
(Público, 17/04/05)
As apreciações sobre as capacidades pouco brilhantes de Einstein continuaram na infância, e talvez seja daí oriunda a ideia, errónea, de que era mau aluno. "A história de que era um mau aluno é um mito, provavelmente devido ao seu desagrado pela educação formal", diz Abraham Pais em Os Génios da Ciência. "Não era o tipo de aluno que seguia o caminho padrão e muitas vezes era lento a formular uma solução. Não estava disposto a aceitar sem reflexão cada palavra do professor", contam Michael White e John Gribbin no livro Einstein.
Era solitário, perdia imenso tempo em quebra-cabeças e adorava construir, pacientemente, casas com baralhos de cartas.
Aos 16 anos, quando os pais se mudaram para Itália e o deixaram em Munique, abandonou a escola. Foi ter com eles, prometendo-lhes que se prepararia sozinho para o exame de admissão no Instituto Politécnico de Zurique, na Suíça. Conta-se que o seu interesse pela ciência despertou por causa de uma bússola oferecida pelo pai, aos cinco anos. Ficou muito impressionado pela força invisível que, teimosamente, fazia apontar a agulha para Norte.
Gostava de fazer experiências mentais. Por exemplo, o que aconteceria se viajasse ao lado de um raio de luz? Ou se estivesse a cair do telhado de uma casa? Estas duas experiências mentais foram importantes para desenvolver a relatividade restrita e a geral.
Referindo-se à última imagem, que lhe ocorreu em 1907, quando ainda trabalhava no Gabinete de Patentes em Berna, na Suíça, Einstein considerou-a como "o pensamento mais feliz" da sua vida.
António Damásio, director do Departamento de Neurologia da Universidade do Iowa, nos EUA, inclui este tipo de padrões mentais naquilo a que chama imagens somatossensoriais (causadas pelos vários sentidos), explicitando que Einstein as utilizava na resolução de problemas.
Ter começado a falar tardiamente pode dever-se a uma característica encontrada no cérebro de Einstein - a ausência do o opérculo parietal, que se forma na gestação. A má formação do opérculo parietal na gestação ou a sua destruição nos adultos têm sido associadas a problemas no discurso, por isso para alguns cientistas esta característica cerebral de Einstein explicaria o facto de ter começado a falar muito tarde.
No entanto, as suas capacidades intelectuais, matizadas por um extraordinário sentido de humor baseado no paradoxo, viriam a tornarem-se um sinónimo tão poderoso de génio que, certa vez, confessou: "Não sou nenhum Einstein." Mas o reconhecimento dessas capacidades não lhe subiu à cabeça. "Não tenho nenhum talento especial, sou apaixonadamente curioso."
Para ele, é uma curiosidade apaixonada que permite descobrir o mundo, apesar de este ser complicado. É isso que significa, aliás, uma das suas famosas frases: "Deus [o mundo] é subtil, mas não é malicioso."
Teresa Firmino
(Público, 17/04/05)
2 :
Albert Einstein e Isaac Newton foram, provavelmente, os maiores físicos da história da humanidade.
Contudo, começo a ficar algo aborrecido por ver esta gente que escreve tão bem, dedicar os posts todos a apenas um dos nomes da ciência.
Que dizer de Boltzmann que casou o microscópico com o macroscópico? E Schrodinger? E Feynman? E ... E... ?
Seria interessante dar a conhecer às pessoas fora da ciência (que penso ser o público "target" deste blog) essas personalidades.
enviado por airesff em maio 24, 2005 3:37 da tarde
Einstein realmente foi o pai da ciencia..
Muito inteligente e até um pouco louco.
É um espelho para mim...
Mas por que não citar Boltzmann?
Seria muito bom que eles também fossem citados.
enviado por Anónimo em agosto 03, 2007 6:31 da tarde
Inserir Comentário
<< Página principal