domingo, agosto 28, 2005
sábado, agosto 27, 2005
Estudo diz que homeopatia tem o mesmo efeito que os placebos
Notícia do Público (para quem ainda duvidasse...).
Há uma nota humorística na edição impressa:
"A polémica é que, a partir de um certo grau de diluições, a probabilidade de encontrar uma molécula da substância inicial desaparece", reconhece Hélio Pereira, presidente da Sociedade Portuguesa de Homeopatia e cirurgião ortopédico no Hospital Ortopédico Dr. José de Almeida, em Carcavelos. Então, como é eficaz? "A hipótese é que a mistura de álcool e água transporte a informação da substância inicialmente diluída. É uma informação de natureza electromagnética."
Há uma nota humorística na edição impressa:
"A polémica é que, a partir de um certo grau de diluições, a probabilidade de encontrar uma molécula da substância inicial desaparece", reconhece Hélio Pereira, presidente da Sociedade Portuguesa de Homeopatia e cirurgião ortopédico no Hospital Ortopédico Dr. José de Almeida, em Carcavelos. Então, como é eficaz? "A hipótese é que a mistura de álcool e água transporte a informação da substância inicialmente diluída. É uma informação de natureza electromagnética."
quarta-feira, agosto 24, 2005
Ficção científica portuguesa da década de sessenta
- «Já não há Fantasmas, meus Senhores / Morreram os Fantasmas / Ah quem soubesse chorá-los!» Sabes onde vem isto?
- Não há dúvida, no Livro de Syma, talvez num dos últimos tomos, talvez no primeiro, não me compete sabê-lo...
- Nunca te compete nada, «rapaz»! Não, não vem no livro de Syma; tal «trocadilho» deve ter passado à posteridade pela tradição oral...
Riri mostra-se extremamente divertido:
- ... Gostas de flanar ao capricho antigeométrico da natureza. É isso.
- Enganas-te, Riri. Conto-te estas coisas para que possas tirar sábias conclusões, ultrapasses o teu metálico espírito. Aos poucos - quem sabe? - tornar-te-ás um robot humanóide tão cínico como Albert ou Henry... - Maga levou um dedo aos lábios: - ... Não, o que queremos é que tenhas senso de humor, espírito crítico, como qualquer pré-histórico bobo, sòmente isso. Nem de outro modo se explicaria a tua existência, a não ser que uma existência se justifique... Nunca se justifica, é evidente...
Riri curvou-se. Os traços brilhantes do seu esferóide rosto fizeram-se mais brilhantes, como que reveladores de contentamento «íntimo»:
- Sou o teu Escravo, Maga.
Maga dirigiu-se a uma porta doirada (estavam em moda as portas doiradas), parando antes de a abrir para dizer:
- É melhor, de facto, continuares a desempenhar o teu simplérrimo papel de eunuco-escravo, ou melhor, de caixa metalo-orgânica onde se guardam «virtudes», isto é, propriedades neutro-negativas. Quem nos diz a nós que um dia não necessitaremos dessa bagagem para sobreviver?... Não fiques a pensar nisso, contudo...
Maga abriu definitivamente a porta e entrou em enorme sala-biblioteca decorada com a mesma febril profusão de alucinantes imagens, o livro Syma desdobrando-se em tomos «ad infinitum». A meio da peça, notável, além de tudo o mais, aparatoso sistema de lentes e esferas encimado por um globo liso e branco, meio encarapuçado, tal um olho de gigante semidesperto (inofensivo S-D-H).
Maga sentou-se numa poltrona. Riri foi buscar o Tomo MMMCMXCLV, que abriu na página própria e depois entregou à rapariga, retirando-se em seguida. Esta olhou as folhas desinteressada.
(Alice Sampaio, in "Aquário", Livraria Bertrand, 1963)
- Não há dúvida, no Livro de Syma, talvez num dos últimos tomos, talvez no primeiro, não me compete sabê-lo...
- Nunca te compete nada, «rapaz»! Não, não vem no livro de Syma; tal «trocadilho» deve ter passado à posteridade pela tradição oral...
Riri mostra-se extremamente divertido:
- ... Gostas de flanar ao capricho antigeométrico da natureza. É isso.
- Enganas-te, Riri. Conto-te estas coisas para que possas tirar sábias conclusões, ultrapasses o teu metálico espírito. Aos poucos - quem sabe? - tornar-te-ás um robot humanóide tão cínico como Albert ou Henry... - Maga levou um dedo aos lábios: - ... Não, o que queremos é que tenhas senso de humor, espírito crítico, como qualquer pré-histórico bobo, sòmente isso. Nem de outro modo se explicaria a tua existência, a não ser que uma existência se justifique... Nunca se justifica, é evidente...
Riri curvou-se. Os traços brilhantes do seu esferóide rosto fizeram-se mais brilhantes, como que reveladores de contentamento «íntimo»:
- Sou o teu Escravo, Maga.
Maga dirigiu-se a uma porta doirada (estavam em moda as portas doiradas), parando antes de a abrir para dizer:
- É melhor, de facto, continuares a desempenhar o teu simplérrimo papel de eunuco-escravo, ou melhor, de caixa metalo-orgânica onde se guardam «virtudes», isto é, propriedades neutro-negativas. Quem nos diz a nós que um dia não necessitaremos dessa bagagem para sobreviver?... Não fiques a pensar nisso, contudo...
Maga abriu definitivamente a porta e entrou em enorme sala-biblioteca decorada com a mesma febril profusão de alucinantes imagens, o livro Syma desdobrando-se em tomos «ad infinitum». A meio da peça, notável, além de tudo o mais, aparatoso sistema de lentes e esferas encimado por um globo liso e branco, meio encarapuçado, tal um olho de gigante semidesperto (inofensivo S-D-H).
Maga sentou-se numa poltrona. Riri foi buscar o Tomo MMMCMXCLV, que abriu na página própria e depois entregou à rapariga, retirando-se em seguida. Esta olhou as folhas desinteressada.
(Alice Sampaio, in "Aquário", Livraria Bertrand, 1963)