Relógios de Sol (X)
Relógio de Sol em Gosport (Reino Unido)
Nota: para relógios de Sol sem correcção do analema, há três parcelas cuja soma dá a diferença entre a hora indicada pelo relógio de Sol e a hora legal:
a) o ajuste sazonal da hora ("hora de Verão");
b) a diferença entre a longitude do lugar do relógio de Sol e a do meridiano para o qual a hora legal é igual à hora solar, descontando as diferenças dadas pelas alíneas a e c (quinze graus de longitude correspondem a uma hora);
c) a "equação do tempo" que dá os atrasos ou adiantamentos de um relógio de Sol que não tenha correcção para o analema.
Esta entrada ia intitular-se "Elogio da persistência" e ia começar mais ou menos assim: "Para conseguir a primeira lâmpada de incandescência, Edison teve que experimentar mais de mil materiais antes de chegar ao tungsténio." Era o que eu pensava. Afinal, nem Edison inventou a lâmpada de incandescência, nem foi o primeiro a usar o tungsténio, nem fez as suas experiências sozinho, nem o fez recorrendo apenas ao próprio bolso. A entrada podia, nesta fase, ficar com o título "A desconstrução de um mito". Mas depois lembrei-me que, afinal, foi ele quem ficou com os louros. E com os dólares. Edison teve, portanto, que ter mérito como conhecedor do que tinha sido feito antes dele, como investigador, como negociador, como investidor em patentes e, talvez o mais importante, como comunicador das suas descobertas.
A vermelho, um "companheiro candidato a planeta gigante" da anã castanha 2M1207, que se encontra no centro da imagem. A anã castanha tem uma massa que é cerca de 25 massas de Júpiter, enquanto que o planeta tem aproximadamente 5 massas de Júpiter.
Esta pode ser a primeira fotografia de um exoplaneta. (Um candidato de há alguns meses não confirmou as expectativas.)
Ao procurar aprender como se faz um relógio de Sol (há bastantes "receitas" na internet), aparecem duas palavras curiosas. Uma é "gnómon", a peça do relógio cuja sombra indica a hora. A outra é "analema", a figura que o Sol faz no céu ao longo do ano à mesma hora do dia de um relógio convencional, fora a correcção da hora de Verão. A montagem fotográfica de cima mostra um.
A "dança" na direcção norte-sul, ao longo do ano, deve-se à inclinação do eixo da Terra relativamente à eclíptica, o plano em que se dá o movimento de translação da Terra em torno do Sol. Por sua vez, o deslocamento na direcção este-oeste deve-se às diferenças de velocidade da translação da Terra em torno do Sol, ao longo do ano, devidas à primeira e à segunda lei de Kepler.
(continua)
A New Scientist deu há dias a notícia da detecção do sinal mais interessante do projecto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence) até agora. Entretanto, no "site" do projecto, a notícia é desvalorizada.
"Numa fase mais adiantada da navegação astronómica, recorreu-se à chamada roda da Polar, já utilizada pelo maiorquino Raimundo Lúlio (1233 ou 35-1315), quando, no fim do século XIII, descreveu o instrumento a que chamou astrolabii nocturni, mas que ficou conhecido por nocturlábio. Este instrumento, de que chegaram exemplares até aos nossos dias, foi o relógio nocturno, durante séculos. A sua leitura baseava-se no movimento de rotação da Ursa Menor (ou da Maior) à volta do pólo celeste, fenómeno a que já aludimos. Adaptada pelos Portugueses, a roda da Polar permitia, em qualquer lugar do hemisfério setentrional, saber a altura daquela estrela em Lisboa (todas as rodas que se conhecem são referidas a esta cidade), em função da guarda dianteira da constelação a que pertence. Deste modo, o observador podia fazer pontaria à Polar, quando mais lhe conviesse e sem que lhe fosse imposto um determinado momento.
Apresenta-se a roda das alturas da Polar publicada por Valentim Fernandes, em 1518, no seu Reportório dos Tempos. A figura, representando um homem de braços abertos, indicava a altura da Polar em Lisboa, conforme a posição da estrela b (Koshab), que é a guarda dianteira da Ursa Menor: cabeça ou pés, quando o rumo definido por ela era N ou S, braço esquerdo ou direito, para o rumo E ou W, assim como os rumos intercardeais que eram designados por ombro esquerdo (NE), linha acima do pé (SE), linha abaixo do braço direito (SW) e ombro direito (NW). O piloto dispunha de oito oportunidades para medir a altura da Polar (na realidade, só as que tinham lugar e eram visíveis durante a noite) e avaliar o caminho percorrido Norte-Sul.
Para o efeito fazia a diferença em graus e suas fracções, entre a altura em Lisboa, indicada na roda, e a altura observada, que multiplicava por 16 2/3 léguas (ou 17 1/2, como veio a ser usado), assim calculando a distância contada a partir daquela cidade." [Este método de navegação é também chamado Regimento do Norte.]
("Medir Estrelas", António Estácio dos Reis, CTT Correios de Portugal, 1997)
Mais uma vénia ao Comandante Estácio dos Reis, por este livro lindíssimo.
Aos blogs que se referiram ao FísicosLX: Adufe, Blogo Social Português, Aviz, Como se fosse uma baleia..., Cravo e Canela, Atmosfera, O Blog do Alex, Desesperada Esperança e A vida dos meus dias.
E aos leitores que deixaram comentários por aqui, alguns bem interessantes.